quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Radar do Vinho: Quinta de S. Sebastião

Arruda dos Vinhos, como o próprio nome indica, é região de tradição vinícola,  e a Quinta de S. Sebastião é provavelmente o projecto mais identificativo desta sub-região de Lisboa. Propriedade de António Parente que se enamorou pelo local e decidiu "colocar no mapa a região de Arruda dos Vinhos". Para além do vinho, António tem uma outra paixão, os cavalos, que também podem ser vistos serenamente na Quinta. Trata-se de um projecto recente (as vinhas foram plantadas no inicio do século), sendo que o primeiro vinho nasce em 2007. A partir de 2012, o projecto entra em velocidade de cruzeiro, chegando este ano a ultrapassar o milhão de garrafas. São 80 hectares de vinha exterior à Quinta de S. Sebastião com diferentes solos e exposições, que permitem ter perfis de vinhos distintos. Que somam aos 10 hectares de vinha plantada na Quinta.

O projecto comporta as marcas Mina Velha (entrada), S. Sebastião (normalmente um lote contendo uma casta nacional e uma internacional) e Quinta de S. Sebastião, esta última com vinhos feitos exclusivamente com as uvas da quinta. O clima temperado e a proximidade com o mar conferem aos vinhos uma frescura e pendor gastronómico evidentes. 

A primeira vez que provei os vinhos da Quinta de S. Sebastião foi no Restaurante "O Fuso" precisamente na Arruda dos Vinhos, um restaurante onde se come uma bela (e gigante) posta de Bacalhau na Brasa... Recomendo! Os copos nem foram os melhores, onde foi servido o vinho, penso que branco, mas comportou-se muito bem. Isto no (já) longinquo ano de 2011...


Foi por isso com agrado que tive oportunidade de provar algumas das novas colheitas em comercialização. Da gama Quinta de S. Sebastião, o colheita branco 2017 (arinto, cerceal e sauvignon blanc) é um vinho focado nos citrinos, muito fresco, equilibrado, refrescante e que vai bem à mesa. O Rosé também de 2017 acompanhou bem uma pizza, mostrando-se um vinho com alguma fruta exótica e notas florais, corpo médio e de perfil comercial. Atenção apenas à temperatuta de serviço, para não induzir alguma sensação de doçura. O Quinta de S. Sebastião colheita tinto (Touriga Nacional e Roriz) é um vinho super equlibrado, daqueles vinhos da região de Lisboa, que são consensuais, numa conjugação perfeita entre fruta, algumas notas balsãmicas que lhe conferem complexidade acrescida e uma elegância de conjunto. Os 3 vinhos com PVP a rondar os 8€. Finalmente provamos os Quinta S. Sebastião Reserva Tinto 2016 e 2015 (PVP 12€ - Merlot, Syrah e Touriga; Syrah e Touriga, respetivamente), ambos provados em momentos e com pessoas diferentes. Foram ambos um sucesso - vinhos afinados, equilibrados, polidos e que agradam de uma forma geral. Um verdadeiro upgrade em relação aos colheita e daqueles vinhos que devemos ter por casa dada a sua versatilidade gastronómica.

Ficamos com vontade de provar os restantes vinhos, sobretudos os diversos monocastas, mas isso ficará para uma outra oportunidade.

Sérgio Lopes

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