quinta-feira, 18 de julho de 2019

Em Prova: 3 Tintos da Quinta Vale D'Aldeia

A Quinta Vale D’Aldeia tem cerca de 200 hectares – sendo 120ha de vinha, 40ha de olival e 10ha de amendoal, na freguesia de Longroiva, na Meda, e a produção atual ronda os 700 a 800 mil litros. O projeto, que tem hoje 21 colaboradores, nasce em 2004 quando os irmãos José e João Amado, apaixonados pela agricultura e com vontade de investirem na sua terra, decidem comprar um hectare de terreno com vinha. A partir daí entusiasmaram-se, foram comprando mais terrenos à volta e investindo na plantação de vinha, olival e amendoal. Em 2009, apostaram na construção de uma moderna adega, com capacidade para cerca de um milhão de litros. O portfolio é vasto e assenta na premissa de vinhos de qualidade, provenientes de um Douro Superior, de vinhas de altitude.

Provamos à mesa 3 vinhos tintos deste produtor (há mais referências) que espelham o perfil do nível de preço e consequente posicionamento de cada um, de forma muito competente. O Infiel 2015 é produzido 100% de Touriga Nacional e trata-se de um vinho muito equilibrado nas componentes fruta - madeira - acidez, de taninos suaves, em harmonia de conjunto. Bastante apelativo e ótimo para o dia-a-dia (6€). O Xaino Selection 2015 produzido com um blend Touriga Nacional - Touriga Franca e com maior passagem por madeira já é mais complexo, com mais corpo, mas mantendo a matriz de equilíbrio, e a frescura, sobretudo sem sobre maturações. Excelente para a mesa e resultando numa boa escolha quando procuramos um vinho a rondar os 10€. 
O grande ex-libris da casa é talvez o Quinta Vale D'Aldeia Grande Reserva Tinto 2014, que recentemente foi agraciado com o prémio Revelação Portugal no Concours Mondial de Bruxelles de 2019, sendo inclusive considerado o melhor vinho português, no conjunto dos vinhos distinguidos com a Grande Medalha de Ouro. Feito de 55% Touriga Franca, 30% Touriga Nacional, 5% Tinta Roriz, 5% Sousão e 5% Tinta Amarela, tem passagem por madeira nova por 18 meses. Trata-se de um vinho de grande potência e complexidade. Os seus 15 graus de alcool obrigam a uma temperatura de serviço acertada e a decantação é obrigatória. Foi um vinho que provado à mesa foi abrindo lentamente e apenas no dia seguinte estava mais equilibrado e a dar tudo o que se esperava dele. Um vinho super complexo, mas que com toda essa potência e algum pendor alcoólico necessita de tempo e algum cuidado, também no pairing certo à mesa. Contudo, não apresenta sobrematuração e tem a elegância e frescura suficientes para se manter equilibrado. Belíssimo vinho para quem aprecia este estilo mais opulento. PVP: 30€. 

Sérgio Lopes

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