segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Momentos á volta do vinho – O Leitão e as Bageiras, de improviso

Com a passagem na TV, há pouquíssimos dias, de uma peça dedicada à familia Bageiras, encabeçada por Mário Sérgio Alves Nuno, recupero um texto que escrevi para a revista Paixão pelo Vinho, onde Bageiras e Leitão do mugasa, foram os protagonistas desta minha memória. Já lá vão alguns anos, não me recordo da data exata, estava eu a vir de Lisboa para o Porto, nesse dia e a minha irmã estava deslocada em Abrantes, em trabalho, sem carro. Nesse mesmo dia, o meu cunhado fazia anos. Ainda não havia filhos… e, de repente lembrei-me, porque não fazermos um jantar e comemorar o seu aniversário com um belo leitão à Bairrada? Afinal de contas, íamos chegar ao Porto, ainda a tempo do jantar. E ficava a caminho… Toca a ligar para o Mugasa, restaurante situado na Anadia, mais propriamente em Fogueira (Sangalhos) e encomendar um leitão à maneira. A primeira parte, estava conseguida. Faltava agora o espumante para acompanhar o belo do leitão… Como vamos fazer? O primeiro nome que surgiu foi naturalmente Mário Sérgio Nuno – produtor bairradino e ali ao lado, também em Fogueira, ao qual liguei de imediato e pedi para me arranjar uma caixa do fabuloso espumante Quinta das Bageiras Grande Reserva Bruto Natural 2003. Tínhamos estado nas Bageiras há pouco tempo e provado esse fabuloso espumante! O Mário Sérgio disse logo: “não te preocupes, Sérgio, eu entrego-o no Mugasa e levas isso fresco para o Porto…”. Depois de apanhar a minha irmã, em Abrantes, lá seguimos, rumo ao Mugasa, enquanto no Porto, a minha miúda, se encarregava de providenciar o bolo de aniversário. Não queríamos que faltasse nada, neste aniversário de improviso.

Chegados ao Mugasa, a Dona Helena, lá nos mostrou o “bichinho”, pequeno como sempre e com excelente aspeto, acabadinho de sair do forno, superiormente assado pelas sábias mãos do Ricardo. Que maravilha! À nossa espera, estava também um balde de plástico, daqueles que levam banha de porco para assar o leitão. Em vez de banha, o balde continha camadas de gelo a cobrir as garrafas de espumante que o Mário Sérgio tinha entregue no restaurante. Que categoria!

Ainda houve tempo para a Dona Helena cortar superiormente o Leitão (não é cortado de qualquer maneira), enquanto nos explicava com o carinho e doçura que a caracterizam, como se faz. Lá seguimos viagem, eu, a minha irmã, o balde com as garrafas de espumante e o leitãozinho assado à moda da Bairrada, com um aroma inebriante a acompanhar-nos todo o caminho. Quanto ao jantar, ficou na memória de nós os quatro, em particular do meu cunhado, que até ao dia de hoje continua a dizer “foi o melhor leitão que comi e o melhor espumante que bebi. Que grande aniversário!”. Ah, e sem molho, pois o verdadeiro leitão, não precisa de molho a acompanhar. São estes momentos, que perduram nas nossas memórias, que nos apaixonam pelo vinho. Um brinde a momentos de felicidade e partilha!

Sérgio Lopes , in Revista Paixão Pelo Vinho

Sem comentários:

Enviar um comentário