Agosto e Setembro trazem consigo a azáfama das vindimas na Bairrada, uma época onde os produtores jogam todas as fichas dum ano de laborioso trabalho e procuram na colheita obter a boa fortuna da qualidades dos seus vinhos. Das vindimas de 2016, acompanhámos algumas colheitas realizados pela Quinta de Baixo, Quinta do Ortigão e Quinta das Bageiras.
QUINTA DE BAIXO
QUINTA DO ORTIGÃO
QUINTA DAS BAGEIRAS
Na Quinta do Ortigão acompanhamos a vindima do ARINTO. A belíssima surpresa foi contrariar a tendência de grandes quebras de produção que se tem notado nas castas brancas e constatar que a natureza sorriu ao Ortigão e ao Arinto que se mostrava pujante em quantidade e qualidade, havendo até excedente de produção. Num dia em que a chuva deu um ar da sua graça, foi permitido aos garbosos vindimadores ultrapassar as dificuldades e fazer uma bela vindima. Num ano de condições meteorológicas traiçoeiras, os controlos de maturação semanais são indispensáveis e, neste dia, o Arinto apresentava um teor alcóolico de 12,4% e o teor de acidez atingia os 6,8%. No que toca à decisão dos vinhos que irão dar corpo à uva colhida, a decisão caberá ao enólogo Osvaldo Amado, que tão bem sabe compor belos espumantes e excelentes vinhos tranquilos na Quinta do Ortigão.
QUINTA DAS BAGEIRAS
Encerrada a época da vindima dos brancos, continuámos a acompanhar a vindima na Bairrada, com especial destaque para a casta que maior notoriedade e prémios tem dado aos vinhos da região no panorama nacional e internacional. Confirmando que 2016 é um ano de maturações tardias, acompanhámos a Quinta das Bágeiras, de Mário Sérgio, nesta última semana de Setembro na vindima de Baga para espumante na vinha da Corga. Num dia que começou cedo, enquanto aguardava por Mário Sérgio – tinha aterrado há poucas horas vindo de Turim, onde foi palestrante no Salone del Gusto de Slow Food – tive a oportunidade de beber da sabedoria do meu novo amigo Abel, o Pai Abel que inspirou alguns dos melhores vinhos da Quinta das Bágeiras. O tema que nos entreteve vários minutos foi a monda feita na vinha 2 a 3 semanas antes da vindima de tintos, usando esses cachos para a produção de espumante, e a forma como a maturação acontece depois muito mais rápida e esplendorosa. Conversar com Mário Sérgio é, sobretudo, ouvir histórias dum passado que se conjugou no sentido daquilo que hoje conhecemos da Quinta das Bágeiras. E parte das histórias que dão o selo de identidade a esta casa, passam-se exactamente na vinha. Porque era nelas que o Avô Fausto já se refugiava e encontrava a liberdade e o prazer que as quatro paredes da serralharia do pai não lhe facultavam.
Com os brancos em pleno processo de fermentação na adega, dirigimo-nos para a vinha da Corga, na Fogueira, uma vinha com cerca de 25 anos onde se vindimava Baga para espumante rosé.
Com uma enorme produção por hectare, a monda e corte para espumante é essencial para que a menor densidade de cachos que permanecem na videira maturem de forma mais célere, incrementando a qualidade do vinho. Segundo Mário Sérgio, é este excesso de produção da videira de Baga que traz à tona os vinhos demasiado ácidos e desagradáveis, motivo pelo qual já faz em diversas vinhas uma monda em Abril, conseguindo que a maturação ideal se atinja antes da chegada das chuvas. Neste dia em que homens experientes e de rugas expressivas vindimavam, a Baga alcançava timidamente os 10,5% de teor alcóolico e a acidez rondaria os 6,5% a 7,o%.
Maria Gomes, Bical, Cerceal, Rabo de Ovelha e Baga, são as castas que podemos encontrar nos 28 hectares da Quinta das Bágeiras.
https://www.facebook.com/aleidovinho2015/
Miguel Ferreira (A Lei do Vinho)
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