Tomei contacto mais próximo, recentemente, com os projectos Quinta do Côtto e Paço de Teixeiró, ambos pertencentes à familia Champalimaud. A Quinta do Cotto é seguramente um nome conhecido do Douro, produzindo vinho tinto desde 1960 e cujos seus Grande Escolha são verdadeiros clássicos da região, cheios de carácter e longevidade. São 77 hectares de vinha, rodeadas de mata, localizadas no início da sub-região do baixo-Corgo. A Quinta do Paço de Teixeiró localiza-se na sub-região de Baião- Vinhos Verdes, composta por 7 hectares de vinha nos contrafortes do Marão. Tem um microclima muito próprio, com o solo ainda duriense (Xisto) e as noites frias da serra ajudam a que as uvas tenham um caracter muito próprio. Complementa assim a oferta do grupo, com vinhos brancos que a Quinta do Cotto não produz.
A enologia está a cargo de Lourenço Charters que tenta aportar o seu cunho pessoal ao projecto, priveliginado o terroir e a tradição. Todos os vinhos são feitos de uvas provenientes das suas Quintas e vinificados e engarrafados nas propriedades. Foi por isso um prazer visitar este projecto e poder constatar in loco o trabalho de renovação e reabilitação que Lourenço está a operar, mantendo um respeito enorme pela história da casa, limitando-se a reproduzir as melhores práticas de antigamente, mas com olhos postos no futuro. Depois da visita às vinhas e à adega, Lourenço tinha preparada uma prova com algumas referências antigas para mostrar a longevidade dos vinhos Durienses e também da região de Baião.
A Quinta do Paço de Teixeiró posui 2 vinhos, um feito de Avesso (80%) e Loureiro (20%) PVP 7€, aromático e fresco, mineral e equilbrado, mas com uma boca interessante e uma belíssima acidez; e um Avesso 100% com fermentação e estágio em barrica onde se procura maior complexidade aromática e uma boca com maior volume e untuosidade. Uma produção de apenas 1600 garrafas deste útlimo vinho que Lourenço Charters pretende ainda afinar mais. PVP: 13€. Provaram-se para além das colheitas mais recentes no mercado, a versão sem barrica, Paço de Teixeiró 2008 e a versão com barrica, Teixeiró Grande Escolha 2010, ambos ainda muito vivos, a demonstrar a longevidade destes vinhos brancos.
O Vinho Quinta do Côtto é um blend das várias parcelas da Quinta, em que 40% do lote estagiou em barricas usadas e novas durante 12 meses os restantes 60% em Cubas de Inox. Trata-se de um tinto de perfil clássico, com a fruta em primeiro plano, madeira bem integrada, nada extraído, competente e muito equilibrado. PVP: 8€. Muito seco e um great value, para quem apreciar um perfil mais tradicional, para a mesa. Para além da colheita mais recente no mercado, provamos os anos 2004 e 2008, ambos com rolha "screw cap", mostrando-se muito fechados, com anos de vida pela frente. O Quinta do Côtto Vinha do Dote é de uma só parcela, localizada a uma cota mais baixa (140m) e com aproximadamente 90 anos. É chamado vinha do Dote pois a vinha foi trazida como dote em 1865. Estagia 15 meses em barrica usada. Aqui já estamos na presença de um vinho onde as vinhas velhas aportam uma grande complexidade, com aroma complexo e muita finesse, onde predominam notas de especiarias e frutos vermelhos maduros. Bom volume de boca, com taninos sedosos, com longo e persistente final. Com grande potencial, na minha opinião e a mostrar-se muito melhor à mesa, seguramente. Um grande vinho, elegante e muito fresco, mesmo ao meu gosto PVP: 20€. O histórico Quinta do Côtto Grande Escolha que apenas sai em anos especiais e cuja última edição é de 2015, não foi provado.
Para o final deixo o vinho que mais me surpreendeu, o Quinta do Cotto Bastardo (20€), um ensaio de pouco mais de 400 garrafas que Lourenço redescobriu traduzindo-se num vinho com pouquissima extração, mas cheio de sabor, seco e com enorme frescura. Um vinho viciante e totalmente fora do baralho. Esgotado já no produtor, mas uma aposta seguríssima e demonstrativa do cunho pessoal que Lourençlo começa a aportar ao projecto.
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